As brasileiras não
precisam aguardar os desfiles de moda praia para confirmar a maior tendência do
litoral: quando o verão chegar, só vai dar biquíni pequeno, ou fio dental.
Desde o surgimento
das tangas, na década 1970, nenhum modelo de biquíni com mais de cinco dedos de
largura ganhou notoriedade no Brasil. "Tem de ter muita criatividade para,
a cada verão, pensar em jeitos diferentes de fazer quatro triângulos, dois em
cima e dois embaixo", diz João Braga, professor de história da moda da
Faap.
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No Brasil, eles
chegaram a ser proibidos por Jânio Quadros, na década de 1960, nas
apresentações televisionadas dos concursos de Miss. Mas foi a partir da década
seguinte, que a tanga renasceu para a civilização moderna e criou um capítulo
importante da nossa história com os microbiquínis. "A modelo brasileira
Rose di Primo havia encomendado uma fantasia para uma festa do Havaí. Em cima
da hora, ela percebeu que a calcinha estava pequena. Sem tempo para fazer
ajustes, Rose cortou as laterais, colocou cordões e amarrou", conta João
Braga.
Desde então, os
biquínis pequenos são protagonistas nas lojas e nas praias brasileiras: o fio
dental reinou nos anos 1980, a asa-delta nos 1990 e as tangas nunca mais
deixaram o posto da preferência nacional. A tanga é ajustável por conta das
amarrações laterais.
Portanto, ela consegue se moldar naturalmente ao corpo de
cada mulher, sem apertar as odiadas gordurinhas laterais. "As brasileiras
têm o hábito de se pautar pelo corpo na hora de vestir. É por isso que, no
Brasil, a moda das Peri guetes pega", brinca João Braga.
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Historicamente, a
tanga é uma volta às origens. "Somos descendentes de índios – eles já
usavam - e deles pegamos essa naturalidade com a pouca roupa", diz João
Braga. Daí, é só adicionar as curvas dos africanos e o resultado é esse, a
mulher brasileira.
João Braga propõe um
teste. "Repare como uma mulher anda quando está sozinha e como ela muda,
se souber que está sendo observada. A brasileira é vaidosa, sabe que tem
curvas, que o homem cultua essas curvas e gosta de mostrar o que tem de
bom", acrescenta.
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Longe da praia, também temos costume de freqüentar clubes e piscinas.
"A mulher brasileira se preocupa muito com a marquinha e raramente toma
sol de maiô", acredita Thomaz Azulay, da Blue Man.
A modelo Renata
Kuerten, por exemplo, é uma das mais requisitadas para desfiles de moda íntima
e beachwear. "Adoro desfilar de maiô, parece que alonga a silhueta e você
fica mais elegante", conta. Mas na hora de tomar sol, o discurso muda. "Na
praia, eu uso modelos bem pequeninhos", diz e sorri.
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